sexta-feira, 5 de outubro de 2018

População da Ganga está em perigo
em Ntchugal, Sector de Nhacra

Balearica pavonina conhecida na Guiné-Bissau por Ganga é uma espécie residente do Sahel (Senegal, Gâmbia, Guiné-Bissau até o Chade na África Central). Uma subespécie cujo comportamento indica ter concentração significativa nas zonas húmidas, nos estuários e de preferência nas áreas de frequente inundação e de cultivo de arroz.
Gamga é uma espécie vulnerável a nível global de acordo com a Lista Vermelha da UICN. A sua população tem sofrido declínio rápido devido a perda de habitats, captura para domesticação, caça e comercio illegal. Ameaças que, se não forem controladas poderão, no futuro próximo, provocar o desaparecimento da espécie.
A espécie está ao abrigo de diversos acordos e convenções internacionais dos quais a Guiné-Bissau é parte, designadamente, Acordo sobre a Conservação das Aves Aquáticas Migratórias da África-Eurásia (CMS), Convenção sobre as Espécies Migradoras e Fauna Selvagem, bem como de CITES.
Em 1999, pelo estado de ameaça da sua população, a Fundação Internacional (ICF) e a Wetlands International lançaram um programa para sua conservação ao nível da África, principalmente na Nigéria, Mali, Senegal, países onde a situação é mais crítica. O programa incluiu outros países e regiões onde se observava um número significativo de Gangas. Objetivo era de melhorar o estado da conservação da sua população através da sensibilização das populações locais e recuperação dos principais habitats desta espécie emblemática.
A Guiné Bissau no quadro desse programa, teve resultados satisfatórios, ao exemplo do projeto de Restauração de Bolanhas de Mansôa e Conservação de Ganga com as comunidades de Cussana e Cusentche. Conseguiu-se estimar em 2001, a população não reprodutora em 1500 indivíduos nos vales dos rios Mansoa e Geba/Corubal. Apesar  do conhecimento parcial do tamanho do efetivo, não se sabe ainda,  o tamanho da população dos adultos reprodutoras nem se quer a tendência da população na Guiné-Bissau.
Com todo esse esforço de conservação, observa-se ainda em Ntchugal (no sector de Nhacra) e outras áreas de ocorrência de Ganga, uma forte pressão sobre a espécie. Numa visita de campo nos finais de dezembro de 2017, à Ntchugal e Mansôa, apercebemo-nos da existência da caça à ganga. Flagrámos um caçador com duas (2) cabeças de ganga na Tabanca de Ntchugal.  Nos messes seguintes, uma tentativa de caça em Mansoa foi abortada por um estudante amigo da  ODZH do Liceu Quemo Mané. E, nos dias 21 de setembro de 2018, uma equipa da SWISAID deparou na sua missão à Djalicunda com 3 indivíduos mortos (caçados) a serem comercializados na berma da estrada.
Considera-se a caça à ganga uma ameaça latente. Solicitamos uma intervenção urgente de entidades competentes GPC, IBAP, DGFF, Guarda Nacional, dministração local e poder tradicional para por cobro a situação e banir a prática, por esta espécie ser vulnerável a nível global de acordo com a Lista Vermelha da UICN. Assim, esta categoria de ameaça merece atenção da República da Guiné-Bissau como parte das várias convenções (CITES, CBD CMS etc.).

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