População da Ganga está em perigo
em Ntchugal, Sector de Nhacra
Balearica pavonina conhecida na Guiné-Bissau por Ganga é uma
espécie residente do Sahel (Senegal, Gâmbia, Guiné-Bissau até o Chade na África
Central). Uma subespécie cujo comportamento indica ter concentração
significativa nas zonas húmidas, nos estuários e de preferência nas áreas de
frequente inundação e de cultivo de arroz.
Gamga é uma espécie vulnerável a nível global de acordo
com a Lista Vermelha da UICN. A sua população tem sofrido declínio rápido
devido a perda de habitats, captura para domesticação, caça e comercio illegal.
Ameaças que, se não forem controladas poderão, no futuro próximo, provocar o
desaparecimento da espécie.
A espécie está ao abrigo de diversos acordos e
convenções internacionais dos quais a Guiné-Bissau é parte, designadamente, Acordo
sobre a Conservação das Aves Aquáticas Migratórias da África-Eurásia (CMS), Convenção sobre as
Espécies Migradoras e Fauna Selvagem, bem como de CITES.
Em 1999, pelo estado de
ameaça da sua população, a Fundação Internacional (ICF) e a Wetlands International
lançaram um programa para sua conservação ao nível da África, principalmente na
Nigéria, Mali, Senegal, países onde a situação é mais crítica. O programa
incluiu outros países e regiões onde se observava um número significativo de
Gangas. Objetivo era de melhorar o estado da conservação da sua população
através da sensibilização das populações locais e recuperação dos principais
habitats desta espécie emblemática.
A Guiné Bissau no
quadro desse programa, teve resultados satisfatórios, ao exemplo do projeto de
Restauração de Bolanhas de Mansôa e Conservação de Ganga com as comunidades de
Cussana e Cusentche. Conseguiu-se estimar em 2001, a população não reprodutora em
1500 indivíduos nos vales dos rios Mansoa e Geba/Corubal. Apesar do conhecimento parcial do tamanho do efetivo,
não se sabe ainda, o tamanho da
população dos adultos reprodutoras nem se quer a tendência da população na
Guiné-Bissau.
Com todo esse esforço
de conservação, observa-se ainda em Ntchugal (no sector de Nhacra) e outras
áreas de ocorrência de Ganga, uma forte pressão sobre a espécie. Numa visita de
campo nos finais de dezembro de 2017, à Ntchugal e Mansôa, apercebemo-nos da
existência da caça à ganga. Flagrámos um caçador com duas (2) cabeças de ganga na
Tabanca de Ntchugal. Nos messes
seguintes, uma tentativa de caça em Mansoa foi abortada por um estudante amigo
da ODZH do Liceu Quemo Mané. E, nos dias
21 de setembro de 2018, uma equipa da SWISAID deparou na sua
missão à Djalicunda com 3 indivíduos mortos (caçados) a serem comercializados
na berma da estrada.
Considera-se a caça à
ganga uma ameaça latente. Solicitamos uma intervenção urgente de entidades
competentes GPC, IBAP, DGFF, Guarda Nacional, dministração local e poder
tradicional para por cobro a situação e banir a prática, por esta espécie ser vulnerável a nível global de acordo
com a Lista Vermelha da UICN. Assim, esta categoria de ameaça merece atenção da
República da Guiné-Bissau como parte das várias convenções (CITES, CBD CMS etc.).
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