quinta-feira, 18 de outubro de 2018


PAPAGAIO BIJAGÓ ENDANGERED ON IUCN RED LIST 

Papagaio bijagó (Psittacus timneh) é uma espécie endémica e ameaçada, das florestas húmidas da África Ocidental, colocada na categoria de espécies em perigo na Lista Vermelha da UICN, dado ao declínio rápido da sua população devido a perda de habitats, comercio e caça dirigida. A combinação múltipla de procedimentos de investigação visando conhecer a distribuição, tendências e ameaças da espécie na Guiné-Bissau, onde os Psittacus timneh se conclave ao Arquipélago dos Bijagós e Pexixe. As observações diretas conduzidas ao longo de transectos nas 19 ilhas permitiram anotar a presença de 69 grupos de papagaios bijagós em 8 delas. 78% destes grupos foi observado em 2 ilhas. As entrevistas nas comunidades, embora tenham dado como certo a presença desta espécie em 20 ilhas, confirmam o declínio populacional nas últimas décadas. Assim, os trabalhos realizados até aqui permitem estimar a população desta espécie na Guiné-Bissau. O Papagaio bijagó ocorre em 22 das 32 ilhas, na ordem de várias centenas de indivíduos. A metade da população, ocorre, talvez, em João Vieira e Meio. As investigações de fatores de variação entrilhas relacionada com a densidade populacional apontam para a alta densidade nas ilhas remotas com menor permanência e atividade humanas. A significância dessa relação tem que ver com atividades humanas na modificação de habitats e na caça como principais fatores que conduziram ao declínio da população de Psittacus timneh na Guiné-Bissau.

In Bird Conservation International, page 1 of 13. © BirdLife International, 2018

Autores: DANIEL C. LOPES, ROWAN O. MARTIN, MOHAMED HENRIQUES, HAMILTON MONTEIRO, PAULO CARDOSO, QUINTINO TCHANTCHALAM, ANTÓNIO J. PIRES, AISSA REGALLA and PAULO CATRY

Fotos: Hamilton Monteiro


sexta-feira, 5 de outubro de 2018

População da Ganga está em perigo
em Ntchugal, Sector de Nhacra

Balearica pavonina conhecida na Guiné-Bissau por Ganga é uma espécie residente do Sahel (Senegal, Gâmbia, Guiné-Bissau até o Chade na África Central). Uma subespécie cujo comportamento indica ter concentração significativa nas zonas húmidas, nos estuários e de preferência nas áreas de frequente inundação e de cultivo de arroz.
Gamga é uma espécie vulnerável a nível global de acordo com a Lista Vermelha da UICN. A sua população tem sofrido declínio rápido devido a perda de habitats, captura para domesticação, caça e comercio illegal. Ameaças que, se não forem controladas poderão, no futuro próximo, provocar o desaparecimento da espécie.
A espécie está ao abrigo de diversos acordos e convenções internacionais dos quais a Guiné-Bissau é parte, designadamente, Acordo sobre a Conservação das Aves Aquáticas Migratórias da África-Eurásia (CMS), Convenção sobre as Espécies Migradoras e Fauna Selvagem, bem como de CITES.
Em 1999, pelo estado de ameaça da sua população, a Fundação Internacional (ICF) e a Wetlands International lançaram um programa para sua conservação ao nível da África, principalmente na Nigéria, Mali, Senegal, países onde a situação é mais crítica. O programa incluiu outros países e regiões onde se observava um número significativo de Gangas. Objetivo era de melhorar o estado da conservação da sua população através da sensibilização das populações locais e recuperação dos principais habitats desta espécie emblemática.
A Guiné Bissau no quadro desse programa, teve resultados satisfatórios, ao exemplo do projeto de Restauração de Bolanhas de Mansôa e Conservação de Ganga com as comunidades de Cussana e Cusentche. Conseguiu-se estimar em 2001, a população não reprodutora em 1500 indivíduos nos vales dos rios Mansoa e Geba/Corubal. Apesar  do conhecimento parcial do tamanho do efetivo, não se sabe ainda,  o tamanho da população dos adultos reprodutoras nem se quer a tendência da população na Guiné-Bissau.
Com todo esse esforço de conservação, observa-se ainda em Ntchugal (no sector de Nhacra) e outras áreas de ocorrência de Ganga, uma forte pressão sobre a espécie. Numa visita de campo nos finais de dezembro de 2017, à Ntchugal e Mansôa, apercebemo-nos da existência da caça à ganga. Flagrámos um caçador com duas (2) cabeças de ganga na Tabanca de Ntchugal.  Nos messes seguintes, uma tentativa de caça em Mansoa foi abortada por um estudante amigo da  ODZH do Liceu Quemo Mané. E, nos dias 21 de setembro de 2018, uma equipa da SWISAID deparou na sua missão à Djalicunda com 3 indivíduos mortos (caçados) a serem comercializados na berma da estrada.
Considera-se a caça à ganga uma ameaça latente. Solicitamos uma intervenção urgente de entidades competentes GPC, IBAP, DGFF, Guarda Nacional, dministração local e poder tradicional para por cobro a situação e banir a prática, por esta espécie ser vulnerável a nível global de acordo com a Lista Vermelha da UICN. Assim, esta categoria de ameaça merece atenção da República da Guiné-Bissau como parte das várias convenções (CITES, CBD CMS etc.).